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Saga Eleitoral Norte Americana
Demora na contagem dos votos, protestos, apoio de celebridades e negação de Trump marcaram as últimas semanas nos Estados unidos e pelo resto do mundo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                Cédula de votação na Carolina do Norte/Foto: Jonathan Drake - CNN Brasil
 
A eleição de 2020 para presidente dos EUA aconteceu em 3 de novembro (terça-feira) com participação de 159 milhões de eleitores e registrou um número histórico de votos antecipados, além dos mais de 65 milhões de americanos que escolheram depositar suas cédulas pelo correio por consequência da pandemia. Foi uma disputa acirrada entre o atual presidente Donald Trump do Partido Republiacano e Joe Biden do Democrata.
 
 
 
 
 

 
Sistema Eleitoral e Demora nos Resultados
A eleição nos Estados Unidos, de modo geral, é bem aproximada das eleições tradicionais que conhecemos no Brasil. A votação ocorre de quatro em quatro anos e os cidadãos votam no candidato de sua preferência. Porém, além do voto ser feito em cédulas de papel, existe outras grande diferença: A forma de apuração dos votos.
Em 1787, os países fundadores do EUA consideraram que pelo tamanho do país e as dificuldades de comunicação, o povo não teria a consciência necessária para eleger um presidente, assim, a população votaria em representantes e eles se encarregariam de votar e eleger.
Esses representantes são chamados de delegados e cada região possui os seus. O número de delegados de cada Estado é definido pelo resultado da soma da quantidade de deputados que fazem parte da Câmara, conforme a densidade demográfica e pelos dois senadores, que possuem obrigatoriamente em todas as regiões.
Outro conceito é que os delegados de um estado são definidos por maioria absoluta e não por maioria proporcional. Quer dizer que os votos que forem minoria de certo candidato são desconsiderados. Então apenas vai valer a porcentagem da maioria absoluta dos votos. Sendo assim, quanto mais delegados votando no candidato, maior a chance dele de vencer naquela região.
Vale ressaltar que cada Estado tem um número de votos no Colégio Eleitoral, porém, são necessários 270 votos, no mínimo, para decretar um vencedor. E que nos EUA o voto é considerado ‘facultativo’, ou seja, fica a critério de cada um se deseja votar ou não, sem justificativas.
Existem muitas críticas a esse sistema eleitoral, pois ele é muito antigo e não acompanha o avanço das tecnologias.
É por conta de todo esse processo que as eleições são tão demoradas. Segundo fontes do Jornal BBC News, publicado no dia 05 de novembro: “Biden lidera atualmente em 4 desses 5 Estados indefinidos: Nevada por 1,8 ponto percentual de diferença, na Pensilvânia por 0,5 ponto, na Geórgia por 0,1 ponto percentual e no Arizona por 0,9 ponto percentual.”. E Trump insiste em dizer que os votos precisam ser recontados pois a contagem está equivocada.
 
Democratas e Republicanos
Nos Estados Unidos existe uma grande polarização eleitoral e ideológica que vem desde a independência do país entre o Partido Republicano (Grand Old Party ou GOP), nessa eleição representado por Trump e o Partido Democrata (Democratic Party), representado por Biden.
O Republiacano é mais alinhado ao pensamento conservador ou liberal conservador, os republicanos valorizam os princípios conservadores, como o porte de armas, a defesa da propriedade privada, a livre concorrência e o livre mercado, podendo ser considerado um partido de “direita”.
O Democrata possui um viés de tradição da “esquerda democrática”, defende bandeiras como a dos negros afro-americanos, dos gays, dos imigrantes latinos e de outros movimentos. Também defende a intervenção estatal na economia e políticas sociais assistencialistas.
Existem outros partidos no país, mas a discussão gira nessa eleição, assim, como em outras, sobre os candidatos e os princípios desses dois partidos e discussões e protestos entre seus apoiadores.
 
Reações de Donald Trump
Em meio às eleições do cargo mais cobiçado de todo o mundo, o atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump vem manifestando sua indignação ao ver dados que indicavam sua possível derrota. Em suas redes sociais, Trump fez mais de 70 publicações indagando e colocando em dúvida, os votos pelo correio. Dizendo que o método utilizado seria uma forma fraudulenta das eleições e até mesmo que as eleições foram roubadas.
Destacamos duas das dezenas de citações do Presidente:
  1. Trump : "Venho falando sobre os votos pelo correio há muito tempo. Isso realmente destruiu nosso sistema. É um sistema corrupto e torna as pessoas corruptas".
Fraudes eleitorais nos EUA, são extremamente raras. Segundo o estudo realizado em 2017 pela Organização Brennan Center For Justice, a chance é de menos de 0,009% do total dos votos.
Entra em contradição essa posição de Trump, visto que o mesmo já realizou votação pelo método de correio, no passado quando ele morava fora do Estado da Flórida.
  2. Trump: "Eles não permitiriam observadores legalmente previstos".
Trump se refere às pessoas que ficam dentro dos locais de votação com o intuito de observar a transparência da contagem dos votos e evitar possíveis fraudes. Coisa que o Trump não destacou, é que sim, os observadores foram autorizados, no entanto dependendo do local de contagem dos votos, o número de observadores é reduzido, esse limite é estabelecido um dia antes das eleições.
Apesar de todas as acusações e surtos de Trump, o mesmo não possui provas suficientes para contestar as eleições, segundo a comissão federal dos EUA. E caso o mesmo providencie alguma prova ou consiga reverter essa situação até o dia 20 de Janeiro, o processo eleitoral passará por uma batalha judicial.
Donald Trump tem até o dia 20 de Janeiro de 2021 para deixar a Casa Branca, que é quando Biden toma posse do cargo de Presidente dos EUA. Caso Trump se recuse a deixar a Casa Branca, como dizem em boatos, ele pode ser tirado à força pela segurança nacional, além causar um rebuliço nacional, tanto para sua imagem política, quanto pessoal.
Segundo Rodrigo Becker, advogado da União, a única chance de um presidente americano permanecer no poder após a data limite do mandato é declarando inconstitucional a Vigésima Emenda, o que é praticamente impossível.
O reconhecimento político do vencedor, só acontece dia 06 de janeiro, pelo Congresso Nacional. Sendo assim, até lá muitas águas irão rolar e Trump não parece que vai desistir tão fácil.
 
  Donald Trump/Foto:Jonathan Ernst/Reuters
 
Impacto Mundial
 
A última eleição dos Estados Unidos talvez já seja considerada a mais importante dos últimos tempos, não só para eles, mas para o restante do mundo. 
Ao contrário do que muitos pensam, os EUA têm essa responsabilidade de dar a pauta e estabelecer a agenda mundial, não apenas por motivos econômicos, mas culturais. Por muitos anos eles foram e são o carro chefe em formar nossas fantasias, seja por série de televisão, filmes e até revistas em quadrinhos. Então, não há dúvida de quando um novo presidente americano é escolhido significa uma ruptura em relação ao que o restante do mundo vinha fazendo antes. 
É possível notar essa influência por exemplo na luta pelos direitos civis e pela igualdade racial que acarretou em protestos globais ou o ataque comandado por Donald Trump que matou o principal líder militar iraniano e gerou um grande impacto e o medo de uma possível Terceira Guerra Mundial.
Com a eleição de Joe Biden é esperado que o governo não seja considerado uma decepção como foi nomeada a direção de Trump. A esperança é da volta da prioridade a mudanças climáticas, a obtenção de uma economia verde, de carbono zero e principalmente uma mudança em relação a promoção de direitos humanos e igualdade de gênero que tanto tem sido exigido pela população. 
Isto é, com o Trump perdendo a eleição não significa que as coisas irão mudar, mas é possível esperar uma nova realidade.
 
Apoio de Celebridades
 
   Foto postada por Lady Gaga em suas redes sociais/Arquivo pessoal
 
Durante todo o período de eleições nos Estados Unidos, muitas celebridades se engajaram politicamente e usaram suas redes sociais ou entrevistas para expor seu posicionamento e incentivar o voto. A insatisfação com o governo Trump, não era novidade entre os famosos e muitos já usaram premiações importantes para questionar o atual presidente.
Com a nova eleição e a chance de mudança, boa parte das celebridades fizeram campanha para Joe Biden e Kamala Harris. A hashtag ‘vote’ foi usada como um lembrete para que os cidadãos americanos exercessem seu direito e não deixassem de ir até as urnas.
Lady Gaga é um dos destaques, declarou seu apoio a Joe Biden e foi uma das mais engajadas a favor do candidato. A cantora fez a gravação de um vídeo sobre a importância do voto e recriou vários figurinos memoráveis de sua carreira, como o famoso vestido de carne usado em 2009 no VMA. Gaga ainda cantou no último comício de Joe, realizado no estado da Pensilvânia, que também contou com a presença de John Legend.
Beyoncé, Lizzo, Zendaya, Mark Ruffalo, Jennifer Aniston, Brad Pitt, Ariana Grande, Jennifer Lopez, Pink, Leonardo DiCaprio e Taylor Swift foram algumas entre várias celebridades que declararam apoio a Joe ou incentivaram votos.
Donald Trump também teve seus apoiadores, mas não fez muita diferença. As eleições tiveram recorde de participação e apesar da contagem ainda estar acontecendo, Joe Biden já foi eleito como o próximo presidente dos Estados Unidos, juntamente com a sua vice Kamala Harris.
 
Clima de Comemoração e Protesto
Após o  resultado das eleições nos Estados Unidos com a divulgação da vitória do democrata Joe Biden, o clima foi de festa e comemoração em diversas cidades e pontos turísticos. Lugares como Central Park em New York, Filadélfia em Pensilvânia, Washington DC, Manhattan e Atlanta na Geórgia tiveram milhares de pessoas nas ruas.
Apoiadores do novo presidente Joe Biden realizaram passeatas com bonecos e placas ironizando a derrota de Trump, cartazes com o bordão usado por Donald Trump no programa O Aprendiz: "Você está demitido", foram usadas para celebrar a vitória de Biden, em lugares como Illinois, a vibração também foi grande e contou com um grande buzinaço nas ruas de Chicago. Integrantes do movimento Black Lives Matter además celebraram a volta dos democratas à Casa Branca, depois de 4 anos de governo Trump.
 
   Comemoração dos apoiadores de Joe Biden na noite deste sábado (7) em Washington
   Foto: Jacquelyn Martin - G1
Feito por Débora Gomes, Gabriel Prates, Jessica Ferreira, Juliana Vernasqui, Lucas Feitosa e Sabrina Toledo.
Diagramado por Sabrina Toledo.
2020
Essa eleição foi marcada por protestos, declaração de famosos, atraso na contagem dos votos e por Donald trump, que durante a eleição e após ser declarada sua derrota, segue negando, como por exemplo declarou em seu twitter “I won this election, by a lot!”. Em português: “Eu ganhei essa eleição, de muito!”
Declaração de Trump em seu Twitter com aviso da rede social sobre possível fake news
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