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O Valor da Arte de Rua

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   Grafites no Beco do Batman/foto: Gabriel Prates

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A arte é algo muito desvalorizado. Vamos tomar como exemplo um advogado e um desenhista: o advogado é considerado um profissional, porém, alguém que está “simplesmente” desenhando, muitas vezes é visto como amador e que seu trabalho é apenas um hobby. Não é de hoje que o artista não tem o prestígio que merece, muitos dos maiores artistas eram pessoas pobres, subestimadas e só foram valorizados após sua morte. Mas já estamos no século XXI e é hora de mudar isso.

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Muito importante para a vida das cidades, a arte de rua, também é muito desprestigiada. De acordo com o grupo de artistas “Las Martas”, muitas vezes, o artista de rua é confundido com pedintes, elas, que são de outras partes da América Latina, sentem que as pessoas aqui no Brasil não entendem muito bem como funciona a arte de rua e não costumam colaborar com o chapéu, dando dinheiro. As pessoas os consideram artistas, mas não entendem isso como uma profissão.

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Em 2012, a São Paulo Turismo e o Movimento Artistas na Rua fizeram uma pesquisa sobre as manifestações culturais nas ruas de São Paulo onde 62% dos entrevistados afirmaram ter outra ocupação além da arte de rua, ou seja, eles não conseguem seu sustento apenas com a arte. Uma das integrantes do Las Martes inclusive afirmou que só conseguiu se sustentar após começar a vender CDs, pois o dinheiro que conseguia em apresentações não era suficiente para se manter.

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O artista de rua passa por uma luta diária, enfrentando julgamento e preconceito cara a cara, nas ruas, no metrô, em todo lugar, ouvem coisas ruins por todo lado, até da própria família, muitos não consideram seu trabalho uma profissão, alguns os confundem com pedintes, e a maior parte das pessoas não contribuem com dinheiro. Seu tipo de arte é tido como “popular”, dança de rua, grafite, entre outras coisas, com os temas mais diversos, muitas vezes focando em críticas políticas, sociais e econômicas, não são vistos com bons olhos por toda a sociedade.

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“Em uma época em que a experiência sensível está esmagada pela industrialização da cultura, pelo achatamento da sensibilidade, a arte de rua é um convite democrático à reflexão sobre nossas próprias emoções, pelo nosso modo de sentir e ver o mundo ao nosso redor. E é um chamado à expressão própria, pois a rua é de cada um e de todos nós. A cidade é nossa e a arte nos faz lembrar de que todos somos responsáveis por ela”. Esse trecho, dito pela Marcia Tiburi da revista Cult no site da Uol, explica bem o que é a arte de rua, sair dos lugares criados para apresentações artísticas (teatro, museus, cinemas), para dar visibilidade a arte no nosso dia a dia, perto das pessoas, modificando o ambiente onde está sendo exposta. Artistas informais, fora da arte dita “erudita’, encontram o seu espaço nas ruas.

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Muitas vezes desvalorizados pelo tipo de arte que expõem e pelo local onde apresentam, os artistas encontram nas ruas o palco onde conseguem seu sustento e alegram a cidade no meio da correria, transformando um pouco do dia de quem para assistir. Devemos ver esse tipo de arte, que é gratuita e de fácil acesso para todo tipo de pessoa, com o valor que ela merece, entendendo como uma profissão, aplaudindo e respeitando quem está lutando diariamente para mostrar sua arte.

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Artigo de Sabrina Toledo

2019

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