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A Viagem

 

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Segunda-feira, acordo 6 horas da manhã, faço meu café, tomo um banho e já saio correndo de casa, não posso me atrasar para o trabalho.

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Entro no metrô junto a outras dezenas de pessoas e me espremo para ir até o fundo do vagão. Conforme o trem passa de estação em estação, algumas pessoas vão saindo. Escuto o som de uma campainha que anuncia: “Estação Consolação: desembarque pelo lado esquerdo do trem”. Muitas pessoas descem do vagão e finalmente avisto um lugar livre para me sentar.

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Sento-me ao lado de uma moça que parece estar dormindo e fico feliz pois não quero conversar. Já abro minha mochila para pegar meus fones de ouvido e escutar uma música até o final da viagem

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Pouco antes de dar o play, ouço um som que parece vir do fundo do vagão. Uma música que me lembra a minha avó e os dias que passei na casa dela naquelas férias, ajudando ela fazer bolinhos de chuva ao lado daquele radinho antigo, sempre tocando de Roberto Carlos a Paula Fernandes. Lembro que a gente cantava junto, sem preocupações, sem ver as horas passar e completamente em paz. Que saudade sinto dessa época…

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O som da música se aproxima e vejo um artista cantando enquanto toca seu violão. De repente, ele troca de música e, com aquela batida, reconheceria ela de qualquer lugar: a música preferida de minha filha. Hoje saí de casa com tanta pressa que nem a vi. Será que ela está bem? Há tempos não conversamos…

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O artista para de tocar, agradece, tira o chapéu, e vai passando ao lado dos assentos. Algumas pessoas jogam moedas, outras fingem que não estão vendo. Eu tiro logo 10 reais da carteira e jogo no chapéu. Ele parece surpreso, mas não seriam 10 reais muito pouco para uma viagem como esta, que foi da casa de minha avó ao coração de minha filha?

 

Sabrina Toledo - 2021

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